Como se não bastasse o frio da alma, o mundo exterior também se congela. Temperaturas mínimas levemente abaixo de zero, máximas levemente acima de muito pouco.
Como corresponde à toda vampira, bruxa ou criatura mitológica, o refúgio que eu chamo de lar é uma casa velha, muito velha; casarão antigo que esteve fechado por mais de três anos, enregelando-se na escuridão desabitada. Casa entrada em anos, cheia de frestas por onde entra o vento; vento que vai balançar as teias de aranha que balouçam perto do teto. Será que as aranhas sentem frio?
E antes que você pense “que horror, teias de aranha!!!” – conto que elas estão à mais de 4 metros de altura, nas esquinas das paredes altas e geladas. Minha vassoura não chega até lá, e de qualquer forma faz muito frio para que eu tenha disposição de pegar uma escada e ir faxinar o teto.
Além do quê, as pobres aranhas têm que viver em algum lugar, não é? Convivemos pacificamente, num acordo tácito de ladys bem educadas; elas transitam nos caminhos altos, onde não alcanço, e eu permaneço reclusa nas alturas mais pedestres.
Em Março, quando eu me mudei para cá, lembro que achei excelente que o morador anterior tivesse trocado os pisos originais, por revestimentos cerâmicos; belas lajotas cinzentas ou pretas se espalham pela casa. No verão era ótimo, mais do que ótimo; não fazia calor dentro de casa.
Claro que naquele então eu não lembrei que o inverno estava à caminho. Num dia como hoje, por exemplo, os pisos emanam um frio pungente, que sobe pelas pernas e chega até os ossos das clavículas. Às vezes, quando faz muito, muito frio, acho que ouço minhas clavículas batendo os dentes.
E antes que você pergunte “Mas e…” vou logo dizendo que abomino carpetes e tapetes. Detesto ter que limpá-los, não suporto a quantidade de sujeira que juntam. Ainda mais agora que tenho uma cachorra morando dentro de casa; já é suficiente trabalho limpar os pisos lisos e os tapetinhos minúsculos que tenho. Acho que se eu juntasse os pelos que ela perde numa semana, daria para fazer outro cachorro.
Então, entre pisos gélidos e tetos altos, vou me congelando aos poucos. E até olho as aranhas com uma certa inveja, pois elas não parecem sentir frio.
O que me resta é esperar a primavera.
Projeto Deusas 
Obrigada pela visita.Abraço da Cinara
Olá, eu a vi no blog da Cinara, que conheci através do da Ticcia.Gostei dos seus textos.
agora entra meu lado biólogo.As aranhas não sente frio, mas ela prefere um lugar mais quentinho porque o metabolismo dela funciona melhor…re re re re re
ah! aqui meu problema é justamente o contrário; nunca faz frio aqui. mas também tenho aranhas no teto, às vezes consigo matá-las mas elas voltam não sei como. também não tou nem aí pra elas. as muriçocas (pernilongos, mosquitos.. ) são bem piores pq mordem.adoro o jeito que você escreve. muito obrigada pela sua visita!ah, sobre o chapolim, que vc comentou… gente, tem uma frase que eu nunca esqueço, não sei se você se lembra:”não são pedras, são AEROLITOS!!!”kkkkkkkkkkkkkkkbeijos!
Cinara: Obrigada a você! 🙂 Cláudia: Também gostei do seu blog, assinei o feed. Volte sempre!Jonny: Tu é impagável! Smuacks!Angelina: Se lembro!!!!! Chorei de rir aqui! Eu não comento muito, mas leio seu blog também! Você é muuuito engraçada! Beijo.